domingo, 2 de agosto de 2009

Sex-appeal [Debbie Harry]


Como se esquecer daquelas bandas de mulheres que surgiram na década de 1970, na new wave, como a Stilletoes, por exemplo, banda que Deborah Harry montou antes do Blondie, grupo originário de uma cena nova-iorquina, que fez de Debbie um dos maiores símbolos sexuais do pop. O nome da banda [Blondie] contrasta com a imagem de Debbie, cujos sussurros e trinados são acompanhados por Clem Burke [bateria], Jimmy Destri [baixo/teclados] e Chris Stein [guitarra]. O hit Call Me está na trilha sonora do filme Um Gigolô Americano. Atomic, Rapture, One Way Or Another, Hanging’ On The Telefone são músicas que entusiasmaram multidões. O Blondie mistura malícia, ingenuidade e sex-appeal, como muitas bandas de sua geração, mas parece realmente o único a gostar de sexo e sempre será lembrada por suas músicas sobre namoros e paixões. Canta-se sobre sexo e namoros, instiga-se o sex-appeal, deste modo, não é forçoso afirmar que o anoréxico é um apaixonado e, como tal, vive de diversas formas a traição, revelada principalmente no ato de ‘enganar’ a fome: a ideia de o anoréxico pensar que os alimentos estão cheio de larvas, venenos, bactérias, essencialmente impuros, daí a necessidade de extraí-los e cuspi-los, como se o alimento fosse o traidor por natureza. A anorexia é, sobretudo, uma política delineada para se escapar das normas de consumo; para não ser objeto de consumo. Bem que as anoréxicas podem não comer, mas dar de comer aos outros, como uma ‘cozinheira-manequim’, ou então simplesmente sentar-se a mesa sem comer. O seu objetivo é arrancar partes mínimas de comida que preencham os cheios e os vazios do funcionamento de seu corpo, conforme essas partículas são recebidas e emitidas. A anorexia é, portanto uma política que manifesta uma espécie de ‘involuído’ da sociedade de consumo, ao mesmo tempo em que se impõe um corpo anorgânico, o que não quer dizer assexual, sob um consumo interrompido, neutralizado e asseptizado. A geração das paixões foi cantada por Debbie Harry, no Blondie, entre o final da década de 1970 ao final da década de 1990, com o retorno de não mais uma sex-appeal, mas testemunhou-se a sobrevida de uma matrona. Ao sabor de um período em que ser manequim demandava a involução do consumo, logo, não do quadro mitológico ou lendário, mas do quadro médico, patológico, nem por isso menos político, da anorexia; Debbie foi uma porta-voz desse feixe de forças sociais que se exercem sobre a estética feminina, cujo caso, mais precisamente, afetou Karen Carpenter, multistrumentista de outra banda tão famosa quanto da década de 1970, os Carpenters. Vítima de um ataque cardíaco, ela morreu de anorexia aos 32 anos, no dia 4 de fevereiro de 1983, às 9 horas e 51 minutos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário