terça-feira, 28 de julho de 2009

Alice [Fernanda Takai]


Procurar o segredo dos acontecimentos na profundidade das terras, poços e tocas que se cavam, que se afundam, que se penetram e coexistem misturando os corpos: movimentos de mergulho e soterramento dão lugar a movimentos laterais de deslizamento, da esquerda para a direita e vice-versa. Podia ser o começo de Alice de Lewis Carrol ou mesmo a paisagem esburacada das minas. As aventuras subterrâneas de Alice acontecem como os cristais, que crescem e se transformam apenas nas bordas, a não ser pelas bordas. Assim a descida da menina só cresce e diminui pelas bordas, superfície que enrubesceu Carrol. E se não houver nada para ver debaixo da cortina? Inventa-se uma máquina de esticar e aumentar até mesmo as canções. Nos confins das minas, em Belo Horizonte, por volta de 1995, eles foram denominados de ‘superchiques’, o que faz burburinho até hoje. Talvez porque nessa época, os três membros do Patu Fu [Fernanda, John e Ricardo] foram aos EUA, como convidados VIPs da Disney, de lá fizeram um programa de rádio para uma emissora de Belo Horizonte e aproveitaram para fazer um showzinho no SOB’s em Nova York. Era uma noite de ska que só tinha os três de brasileiros. De fato, superchiques! Questionou-se muito a introdução de um baterista na banda: por causa do uso de bits programados numa bateria eletrônica. Toda essa esquisitice e a voz de Fernanda Takai fizeram com que a banda fosse comparada insistentemente com Os Mutantes, a versão Qualquer Bobagem do disco Gol De Quem também contribuiu muito com essa enquete. Já no disco Tem Mais Acabou o trio se transformou num ‘power quatrilho’, com a chegada do baterista Xande. Mas o repertório do Pato Fu sempre foi saudavelmente caótico: colagens de gêneros, bom humor, referência a desenho animado... As guitarras pós new wave mostraram as influências reais da banda, enquanto Fernanda Takai bate palmas, canta, toca e enche a cara num vira-vira.

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