quarta-feira, 29 de julho de 2009

Queer [L7]


O feminismo sempre teve uma relação necessariamente contraditória com o corpo, pois o corpo nunca deixou de ser o lugar da opressão da mulher, aliás, a especificidade corporal das mulheres tornou-se a base da prática feminista. Muitas teorias sobre o corpo parecem resolver esse paradoxo, na medida em que se opõem ao corpo e favorecem a performatividade da ‘Carne Social Queer'. Essa performatividade Queer não se limita a reproduzir ou a reformar os corpos sociais modernas, mas busca o significado político do reconhecimento de que o sexo e todos os outros corpos sociais são produzidos, continuamente reproduzidos, através de nossas representações cotidianas. Mas nós podemos subverter esses corpos sociais, representando novas normas sociais. Afirma-se que não existem corpos Queer, mas uma espécie de carne Queer, que reside na comunicação e na elaboração da conduta social. A política Queer é, então, um exemplo de um projeto coletivo performativo de rebelião e criação. O L7, aquele quarteto feminino, vindo de Los Angeles, com seus ataques poderosos e com sua fulminante presença de palco, subverteu e representou o rock’n’roll de maneira diferente. Mesmo que não exista uma ideologia política feminista engajada, Queer, como pulsão para unir a banda, trata-se, na prática, de uma das mais bestiais rebeliões 100% feminina no rock: com toda a violência das guitarras de Suzy Gardner e Donita Sparks, do baixo de Jennifer Finch e da bateria de Demetra Plakas. Bricks Are Heavy é um disco de festa, produzido por Butch Vig [o mesmo de Nevermind do Nirvana], que explicita uma equação: Ramones, Motörhead, Joan Jett mais Black Sabbath. Com onze faixas de punk pop predestinadas ao culto, com suas melodias distorcidas, massacrantes, mas ao mesmo tempo acessíveis, parece que ainda agrada tanto aos bangers como aos leigos grudados na MTV.

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