quarta-feira, 29 de julho de 2009

Doo-Wop [Amy Winehouse]


Diva do soul, que canta sobre seus canecos e seus amores, a imagem revolta de Amy Winehouse, criada na zona norte londrina, rodeada por rappers, interpreta temas com sua voz clássica, acompanhada de uma sonoridade retro. A cantora investiu em suas paixões: a Motown, o doo-wop, os grupos femininos da década de 1960, o soul. Com um timbre inconfundível e um suingue sessentista. Amy é do tipo que bebe todas e diz o que vem à cabeça. O primeiro álbum, Frank, de 2003, misturava jazz com hip-hop. O segundo, Back To Black [traduz-se o ‘black’ como um estado de espírito negro, um buraco, conta com a música You Know I’m No Good], conta com remix de Ghostface Killah, do grupo de rap Wu-Tang Clan. Na faixa Rehab, Winehouse se recusava a obter ajuda para sua dependência de álcool cantando: ‘I don’t want to drink again/ I Just, ohh, I Just need a friend’. Aproveitando-se da repercussão lucrativa de uma cantora retro, como Amy, em investidas sucessivas no submundo, sua história se espalhou sem grandes segredos, ressaltando seus saltos rumo à desgraça. Toda a vida é, obviamente, um processo de demolição, repetiu-se tantas vezes a propósito das novelas de Fitzgerald, vide o suicídio, a loucura, o uso das drogas e do álcool. Percebe-se que o alcoolismo não aparece como a busca de um prazer, mas de um efeito, que consiste num extraordinário endurecimento do presente. O alcoólatra identifica-se com seu amor, com seu horror e com sua compaixão, desde que a dureza vivida do momento presente lhe permita manter a realidade à distância. O alcoólatra não vive no passado nem no futuro, de sua embriaguez, ele compõe um passado imaginário, como se sua doçura viesse a se combinar com a dureza do presente. O que justifica, talvez, Amy Winehouse surgir dos ‘guetos’ ingleses e antecipar, dentre porres homéricos, a sua própria desaparição, numa cópula entre passado e presente, o retro obviamente demonstra a sua demolição.

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