quarta-feira, 29 de julho de 2009

Lesbus [Cassia Eller]


A horrível careta de Gorgô simbolizava as forças que traduzem o esplendor que, neste mundo, a divindade empresta ao corpo de homens e mulheres, quando se refletem bem-aventurados. Mais preocupada com sua voz e com as harmonias, ela não era durona, passava a bola para a banda. Ela adorava improvisar, principalmente ao vivo. Detestava rótulos, mas chegou a ser rotulada de bluseira, sem conhecer tanto blues a esse ponto. Ela gostava de Stevie Wonder, Beto Guedes, Elis, Jovem Guarda, adorava ouvir rádio, mas chegou a ouvi-lo só na hora de lavar as louças. Sua opção sexual pintou na infância, quando a mamãe lhe dava boneca e nada... Sempre queria revólver, farda... Cassia Eller amou Eugênia. Em Lesbos, na Grécia Antiga, havia um concurso público que consagrava esse valor de beleza: por ocasião de uma festa denominada Callistéia, do prêmio de beleza, escolhiam-se as sete mais belas moças, agrupando-se em um coro, prestando-lhe um culto nessa mesma cidade. As qualidades simbólicas e físicas representavam entre os gregos ‘valores’ que ultrapassavam os homens e ‘poderes’ de origem divina. Noutro tempo e noutro diapasão, sem deixar de se estender como mito, Cassia Eller não se envaidecia por ser endeusada por gente como Renato Russo, Frejat e Nando Reis. Ela não conseguia pensar nisso e achava muito engraçado o fato de ser louvada por seus próprios ídolos.

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