quarta-feira, 29 de julho de 2009

Vampire [Meg White]


Próximo do sexto disco, Jack White retomava suas raízes vermelhas e brancas com a baterista Meg White, como se usasse um cobertor velho. Eles já chegaram com um monte de canções meio terminadas aos estúdios de gravação, mas levavam poucas semanas para gravar. Os White Stripes usavam marimbas e piano, sintetizadores analógicos, órgão Hammond, ‘metais de mariachi’ e pouquíssimas interferências de baixo. Suas canções combinavam uma poluição de slides com o jeitão de John Lee Hooker, além de ressoar como música country, feita para tocar nas rádios. Criaram mais de cinco discos em menos de sete anos de carreira, fizeram o máximo possível com o tempo que já tiveram na terra. Pelo menos enquanto a imortalidade for atribuída às espécies determinadas, como os vampiros. Não resta dúvida que, em geral, o prazer que a mulher aufere do coito provenha do fato de que ela castre simbolicamente o macho e se apropria do sexo dele, conforme muitos psicanalistas, assim a mulher torna-se vampiro, mutiladora, come e bebe o seu sexo, alimenta-se gulosamente dele. O vampiro também expressa um caráter carnal monstruoso, excessivo e rebelde. Desde que o conde Drácula de Bram Stoker desembarcou na Inglaterra vitoriana, o vampiro constituiu uma ameaça à sociedade, em particular, à instituição familiar. A ameaça do vampirismo sempre foi sua sexualidade excessiva, seu desejo insaciável por carne, sua mordida erótica que atinge igualmente homens e mulheres, ameaçando a ordem do acasalamento heterossexual. Que ameaça à sexualidade White Stripes tanto provocou senão um sexismo vampiresco, obscuro, onde especular se Mag e Jack eram mesmo irmãos, ‘White’, uma mesma família, pouco importava. Será que faz sentido interrogar os glóbulos brancos e vermelhos representados pelas cores das listras de White Stripes? Ou será necessário questionar se eles foram uma nova geração mordida, que formaram uma raça eterna? Ou será coincidência demais? O que se reconhece é que os White Stripes continuarão marginais, não só como vampiros, certamente, mas como tantos colegiais rebeldes, portadores de desvios, aleijões, sobreviventes de famílias patológicas e assim por diante...

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